|
|
o corpo e a luta
Poema de Antonio Miranda
Dormes. Guardo teu corpo adormecido.
Sinto que teu corpo não basta,
não basta contemplá-lo.
Dormes. Teus olhos,
cerrados, excluem.
Teu corpo não basta:
é um chassis, um
vagão abandonado.
Guardas teu corpo,
exibes teu corpo
e o negas prometendo.
Teu corpo não basta:
é peso morto
volume absurdo.
Dormes teu corpo
recolhes teu corpo
numa redoma vazia.
Meu amor por ti
é amor comprometido,
expresso sem duras penas:
verbo metálico blandindo,
clamando o despertar
de tua consciência.
Não te peço amor por mim,
sim pelo mundo
que habitas distraído.
Quero me ames
como parte
e arauto deste mundo.
Recife, 02-02-1963
Ilustração gerada por IA, por
Nildo Moreira, em 2025.
|
|
|
|